Breve comentário sobre o stand up comedy – por Raul franco
O
stand up comedy há muito vem se tornando uma febre no Brasil. É um
gênero mais do que consagrado. Basta ver as filas de jovens para
assistir a esses shows em diversos espaços espalhados por aí. Todo mundo
ávido por textos engraçados e performances cômicas que tornam as
observações cotidianas extremamente hilárias.
Faz
um tempo que tenho me dedicado a estudar o gênero. No youtube a cada
dia milhares de vídeos são postados. Muitos comediantes que estão na
mídia no momento, praticamente tornaram o seu trabalho conhecido do
grande público via internet. Há
alguns anos me deparei com Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Oscar Filho e
outros. Achava curioso essa coisa de estar entretendo a plateia apenas
com um microfone na mão e textos próprios.
É claro que, como em todo e qualquer gênero, existem pessoas geniais e pessoas medianas. Eu tenho os meus favoritos. E acho fascinante quando vejo um comediante segurar a plateia apenas com um bom texto. O cara está ali, parado, mandando seu texto e a cada momento, surgem gargalhadas. E o cara não está fazendo nada mais do que comentando, a partir do seu ponto de vista, situações pelos quais nos deparamos no dia a dia. Esse é o trunfo do stand up comedy. E justamente o que torna um comediante melhor do que o outro é a sua capacidade de ser original no modo como conta as suas histórias.
É claro que, como em todo e qualquer gênero, existem pessoas geniais e pessoas medianas. Eu tenho os meus favoritos. E acho fascinante quando vejo um comediante segurar a plateia apenas com um bom texto. O cara está ali, parado, mandando seu texto e a cada momento, surgem gargalhadas. E o cara não está fazendo nada mais do que comentando, a partir do seu ponto de vista, situações pelos quais nos deparamos no dia a dia. Esse é o trunfo do stand up comedy. E justamente o que torna um comediante melhor do que o outro é a sua capacidade de ser original no modo como conta as suas histórias.
Recentemente
vi um garoto no youtube, apresentando-se no programa Tudo é Possível,
da Record. O nome dele é Daniel Ducan. E em 45 segundos de vídeo eu já
tinha dado várias gargalhadas com o moleque. E o mais bacana é ver que
ele é novo e que ainda vai crescer muito. Mas de cara, ele mostrou um
texto enxuto, criativo e o modo como ele falava, mostrava domínio do que
estava fazendo.
Acredito
que a grande diferença do stand up comedy para a simples contação de
piada, está mesmo na matemática do texto. No stand up a “cabeça” das
histórias não são tão longas. Você apresenta o “setup” – o tema em si - e
mais a frente você mata a piada, o que chamamos de “punchline”. O
raciocínio é mais rápido. E a velocidade com que as piadas vão
acontecendo também.
É
bacana quando vemos alguém genial , com um texto igualmente genial,
para ficarmos com aquela inveja criativa e tentar fazer um trabalho com a
mesma força que determinado comediante mostrou. E
como o stand up comedy é um gênero que tem mais tradição entre os
americanos, é claro que devemos observá-los também. Afinal, você não vai
querer, de cara, ouvir uma bossa nova tocada por um japonês. Antes de
mais nada, você vai querer ouvir um brasileiro. Óbvio, né? A parada foi
criada aqui. O mesmo acontece com os gringos. Eu sempre procuro ver os
americanos, até para ver a escolha dos temas, o modo como as histórias
são conduzidas. Gosto de muitos. Aqui, por exemplo, não vou citar os
óbvios, como Chris Rock, Eddie Murphy e Jerry Seinfield. Mas teve um
cara que recentemente eu descobri e que gostei muito das performances
dele, que é o Dane Cook. Vale muito a pena. É só dar uma pesquisada no
youtube que tem alguns vídeos legendados. E tem um que eu acho samurai
que é o George Carlin (falecido em 2008) que tem um texto de humor mais
voltado para a crítica social. Se você ainda está naquela onda de textos
sobre arroto, flatulências e outras escatologias, ao ver Carlin, você
vai querer rasgar tudo que você escreveu até agora. E tem também Ellen Degeneres, que tem coisas ótimas, como o seu set falando sobre Deus.
No
Brasil temos os guerreiros que faziam isso de maneira espetacular, bem
antes do chamado modismo do stand up, que é o caso do grande José
Vasconcelos e o inigualável Chico Anysio. E Vasconcelos, acredito, foi o
nosso primeiro “one man show”. Tanto que ele foi incentivador do próprio Chico Anysio, para que ele fizesse também um show solo.
Em
suma, as fontes estão aí. E há espaço para o exercício da comédia.
Nunca antes no Brasil tivemos tantos espaços para fazer apresentações de
humor. O humor está realmente em alta. Há muita coisa boa por aí. É só
usar um “olhar de peneira” para conseguir extrair o que realmente é
bacana. Aí é o bom senso, a experiência e a ardileza de cada um.
E
quando estamos começando, tem uma regra que é primordial, acredito eu, e
está no livro do Dan Rosenberg “How Not To Suck As Emcee”, que é a
seguinte: “suba no palco tanto quanto for possível” . Isso ajuda muito a
termos uma noção do nosso material. Porque tem coisas que achamos que
pode funcionar e na hora não acontece. E tem coisas que, a partir do
contato com a plateia, passa a tomar outra forma e acaba, por assim
dizer, sendo reescrita no próprio palco, a partir da experimentação.
No
mais, é só trabalhar constantemente. Escrever diariamente qualquer
coisinha que passar pela cabeça. Experimentar o timing, a maneira de
dizer aquilo. Filmar as apresentações e trabalhar muito mais depois de
vê-las. Afinal, as coisas ficaram mais fáceis e por isso mesmo acabam
exigindo mais do comediante. Fácil não quer dizer que qualquer um
sobreviva no meio. É preciso suor e o exercício diário da observação. Só
depois disso é que vem o riso e o aplauso. Podem ter certeza!
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