Raul Franco é dessa nova geração que faz uso da rede mundial para os seus trabalhos. Além de estar a frente da câmera em performances hilárias,
Raul também é o responsável pela edição dos vídeos.
E essas “webperformances” vão desde as apresentações em shows de humor, passando
por criações de clipes (Raul fez um clipe da canção Cada um com a sua cara,
da banda Biquíni Cavadão), análises inusitadas e bem humoradas de filmes
(ele criou um personagem – O Observador – e fez uma série de 9 vídeos onde
analisa o filme “Cinderela Baiana”, protagonizado por Carla Perez), uma
websérie, chamada Sátira News (onde ele e mais 2 atrizes parodiam assuntos
de jornais – chegaram a fazer 9 episódios) e vídeos-trashs-caseiros (em um
deles, Raul encarna a cantora Vanusa errando a letra de Parabéns pra você – o
vídeo já ultrapassou os 100 mil acessos no youtube).
Raul descobriu a força da rede, quando um dos seus vídeos, A Pantomima do
Bochecha (apelidada pelos Internautas de Karaokê para surdo e mudo)
começou a se tornar um webhit (termo que se usa para identificar um vídeo
que vira um verdadeiro sucesso na Internet, indo parar em diversos blogs e
sites – o que chamamos de “vídeo viral”).
Nesse vídeo, Raul faz uma brincadeira corporal com a canção Fico assim sem você, na voz de Adriana Calcanhoto. No youtube, o vídeo já ultrapassou a marca de 3 milhões de
acessos nos diversos vídeos postados (e essa performance é um dos pontos
altos dos seus shows), além de várias pessoas imitarem a performance de
Raul, fazendo os seus próprios vídeos.
Em função da utilização dessa linguagem, conhecida como Pantomima, Raul
passou a ser referência nesse tipo de humor tido como Comédia Física, onde,
mesmo sem dizer uma única palavra, arranca-se o riso, tudo através da
expressão corporal. E até hoje, Raul ainda se diverte, quando as pessoas se
referem ao seu trabalho, citando a pantomima, mas dizem: “pantomia”,
“pantonina”, “pantominha”.
Atualmente, Raul Franco está em cartaz em São Paulo com o solo Saída de
Emergência, no teatro Ruth Escobar. Sempre aos sábados, 19h – temporada
que foi prorrogada até o final de junho. Dia 13 de abril estará participando do
show de humor Decolando, no Teatro Ipanema. E nos dias 27, 28 e 29 de maio
estará se apresentando em Goiânia.
Abaixo, um pouco da história do ator.
Trajetória Raul Franco é diretor, autor teatral, poeta, ator e comediante. Nascido em
Belém do Pará. Formou-se em Ciências Sociais pela Universidade da
Amazônia (Unama) e em Artes Cênicas, pela Universidade do Rio de Janeiro
(Uni-Rio).
Foi morar no Rio de Janeiro em 1997. Como bom paraense, levou na bagagem
a farinha e o doce de cupuaçu. Também estava em sua mala exemplares do
seu primeiro livro de poemas, lançado no ano anterior, em Belém do Pará.
O seu interesse pela arte de representar veio desde criança, quando imitava os
cantores que gostava. Começou com Sidney Magal! (foi só pra começar, ok?).
A família se reunia para vê-lo dublar “Teu , todo teu / Minha , toda minha /
Juntos, essa noite/ Quero te dar todo meu amor!” Algum tempo depois, aos 9
anos, Raul fez sua primeira encenação no colégio, interpretando o Saci Pererê.
Aquilo foi tão fascinante, porque foi a primeira vez que Raul viu sua família
toda se mobilizando para preparar o seu figurino: o pai comprou um
cachimbo, a mãe cedeu uma calça preta larga que a avó costurou, deixando
apenas uma perna, e também fez o gorro vermelho.
E a irmã ajudava nos ensaios. A peça foi narrada pela professora. Os atores-mirins apenas faziam a performance do que estava sendo dito. Depois disso, em 1985, Raul integrou o primeiro grupo de teatro do seu colégio, encenando o texto Circo de Brinquedos, onde fez um Leão Medroso.
Como se pode perceber, a arte de interpretar sempre correu em suas veia.
Criança ainda, encenava para a mãe e a irmã, pequenas histórias
completamente improvisadas. Isso se dava na sala da casa onde moravam, ao
lado de uma janela que tinha uma cortina fina de cor azul.
Detrás da cortina, Raul saía, fazendo uma divertida paródia do programa do Clodovil, na TV Mulher. Nesses improvisos, Raul fazia a voz do Clodovil e lia cartinhas inventadas de sua cabeça. A mãe e a irmã, pra variar, caíam na gargalhada.
Como ator, Raul viu que sua vida não seria fácil. Uma vez, em Belém ainda,
fez um teste para o espetáculo Inspetor Geral, de Nicolau Gogol, em 1993.
Chegou em casa, eufórico, pulando de alegria por ter passado no teste. Ele
abraçou a mãe e disse: “passei num teste”. Ela ficou muito feliz e perguntou:
“qual é o emprego?”. Ele: “é uma peça de teatro”.
A mãe, meio desolada, concluiu: “e eu pensei que fosse uma coisa séria”. Nesse momento, Raul percebeu que seria difícil convencer a mãe de que aquilo era sua vida. Mas, apesar de tudo, a mãe dava força. Ela dizia: “Quer fazer isso? Pelo menos ganha dinheiro como o Miguel Falabela”.
No Rio de Janeiro, Raul teve a sorte (se é que podemos chamar de sorte) de,
em 4 dias de cidade maravilhosa (Raul se mudou em março de 1997 para o
RJ), entrar em um grupo de teatro que estava montando um infantil. Logo, ele
estava ensaiando o seu primeiro personagem em terras cariocas: um
soldadinho de chumbo. Um mês e meio depois, Raul estreava no RJ. Mas a
batalha foi longa.
E é dessa época que Raul coleciona histórias que hoje são engraçadas, como a filipetagem as 8 da manhã no final de semana com o sol quente na cabeça. E tanta filipetagem que muitas vezes não garantia o público.
Uma vez, havia quatro pessoas na plateia, sendo que apenas uma era criança.
Ou seja, fazer infantil para uma criança só é dose! Como o show não podia
parar, eles fizeram. Outra vez, aconteceu algo inusitado. Como adereço do seu
personagem, o diretor sugeriu que tivesse uma corneta. E amarrou uma em um
barbante e colocou no pescoço do Raul. Em um momento da peça, Raul dava
uma estrela para pegar a chave de dar corda na boneca ao lado de uma caixa
grande. Ele foi dar a estrela e a corneta engatou no chão com a parte maior, ou
seja, não deslizou, ficou fixa.
O queixo de Raul bateu na ponta da corneta.
Raul caiu sentado, vendo estrelas de dor, e continuo sorrindo na peça. Em um
momento, as crianças olhavam estranho para ele. Só quando Raul saiu um
pouco de cena e foi ver no espelho, percebeu que seu queixo estava
sangrando. É isso que se chama “dar o sangue” pela profissão! (Risos).
Mesmo com todas as dificuldades, Raul seguiu na carreira. Em 1999 entrou na
faculdade de Artes Cênicas da Universidade do Rio de Janeiro – UNI-RIO. No
ano anterior havia estreado o seu primeiro texto autoral no Rio de Janeiro,
Casal Consumo, ao lado de outro paraense: Wendell Bendelack. E o texto
contava, de maneira inusitada, a história de amor de um casal viciado em
eletrodomésticos, filmes e televisão.
Mais tarde ainda chegou a montar outros textos de sua autoria, como Quando o amor é um pastel de carne para corações vegetarianos (o mais interessante desse título de sua peça, foi que Raul sonhou com isso), Todo mundo amplia a paranóia que cria, Assim descobriram o paraíso (um espetáculo que contava, de forma bem humorada, a chegada dos portugueses ao RJ), Na Caravela do Verso (espetáculo com poemas de Cecília Meireles) e o infantil O mundo mágico dos livros.
Para continuar insistindo no sonho de viver de arte no Rio de Janeiro, muitas
vezes Raul ia para o baixo gávea vender o seu livro de poemas Cicatrizes. Em
uma noite, conseguiu vender uns 20 livros num bar, indo de mesa em mesa.
Algumas pessoas até pediam para ele declamar alguns, o que Raul fazia
generosamente.
Seu mergulho no humor se deu quando integrou o elenco do espetáculo Tubo
de Ensaio (2005-2006), onde desenvolveu seus primeiros solos de
personagens, como Manolo Passos (um coreógrafo de estrelas que lança um
curso de dança para casais), Paulo Rouckaço (paródia do cantor Paulo
Ricardo, do RPM) e Caetano Nervoso (paródia de Caetano Veloso).
Em 2007 criou a sua Cia de Comédia Os Fanfarrões. E um dos quadros de estreia da cia fez um sucesso estrondoso na Internet: trata-se do Karaokê para surdo e mudo ou Pantomima do Bochecha (mais de 3 milhões de acessos no youtube). A partir da popularidade desse vídeo, Raul não parou mais de fazer shows, tendo se apresentado ao lado de figuras consagradas, como Nelson Freitas, Cláudio Torres Gonzaga, Léo Lins, Márcio Ribeiro, Paulinho Serra, Katiúscia Canoro, entre outros. Também fez diversas participações nos shows do Comédia a La Carte, do comediante Felipe Absalão; Riso de Janeiro, organizado por Nizo Neto; Surto (espetáculo de comédia em cartaz há 8 anos) e Deznecessários.
Além de compor também o elenco fixo do espetáculo Pout-PourRir (que
comemorou 3 anos de sucesso, apresentando-se na casa de shows Canecão).
Em 2008 montou seu primeiro solo: Francamente Falando, onde fez uma
reunião dos seus personagens. Em 2011, monta o seu segundo solo: Saída de
Emergência, onde mescla stand up comedy, pantomima e imitações.
Atualmente, em cartaz em São Paulo, no teatro Ruth Escobar
AGENDA